Como descobrimos que a esquerda está certa sobre as elites brasileiras

Nós do CSI não estamos ligados nos rótulos direita-esquerda. Nosso objetivo é cortar gastos do Estado e cortar totalmente os […]
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8 de agosto de 2019

Nós do CSI não estamos ligados nos rótulos direita-esquerda. Nosso objetivo é cortar gastos do Estado e cortar totalmente os impostos sobre os combustíveis.

Ainda sim é notório que o discurso crítico as elites do país foi muito replicado pela corrente política que se autodenomina de esquerda.

Para nós isso sempre foi uma implicância ideológica para angariar votos da classe mais baixa da população até que começamos o nosso movimento, e, para nosso espanto, descobrimos que esse discurso está correto.

Não da forma que a esquerda prega, mas, sim, nossa elite foi culpada, sócia, ou no mínimo conivente com toda a pobreza que cruza o nosso país.

Vamos descrever os acontecimentos que nos levaram a essa conclusão.

Ensaio fotografico no Parque Lage com Yanca Ferreira para o Combustível Sem Imposto
Ensaio fotográfico no Parque Lage do Rio de Janeiro com Yanca Ferreira para o Combustivel Sem Imposto

Venture Capital

Tivemos a oportunidade de conversar e assistir palestras de grandes players do mercado brasileiro de venture capital. E a realidade foi muito diferente da expectativa que nós possuíamos.

Durante uma visita a uma grande associação do ramo conversamos com o diretor financeiro dela. Ele foi totalmente honesto: "O investidor aqui só quer saber de dinheiro no bolso e mais nada. As vezes eu vejo projetos ótimos, mas, ninguém quer investir."

A princípio achamos que ele poderia estar com uma visão exagerada e que o mundo real seria diferente. Depois de entrar mais fundo no ramo nós vimos que ele estava completamente certo e nós completamente iludidos.

Em várias palestras que assistimos o povo nunca é citado. Nunca mesmo. Todas essas empresas de venture capital e startups possuem um foco no consumidor/cliente/mercado. Veja bem... No consumidor/cliente/mercado e não no povo!

Aqueles 25 milhões de brasileiros que vivem com 240 reais por mês ou menos nem entram no plano de negócio de nenhuma dessas empresas. Basicamente eles não existem para quem quer investir milhões em um empreendimento disruptivo.

Exceto se for para vender algo para o governo que será distribuído com dinheiro público para essas pessoas. Fora isso os miseráveis do Brasil não piscam no radar da classe dominante.

Em uma palestra, para o nosso horror, um dos diretores de fundo mais incensados do Brasil disse que quem é do mercado de venture capital não precisa se preocupar com macro economia. Isso acontece porque o negócio deles é diferenciado e pode crescer mesmo com a economia caindo.

Sob alguns aspectos, segundo ele, é até bom que a economia caia, pois, empresas começam a cortar custos e isso pode favorecer algum tipo de negócio que eles tenham.

A economia crescer para ele tem a vantagem de que um investimento pode render um TED mais gordo na hora de revender a empresa.

O fato de que a macro economia decadente significa que mais meninas vão para a prostituição ou mais meninos vão para o crime, para aquele palestrante, e provavelmente para todos os outros, é irrelevante. Tudo se resume a quantidade de dígitos que ele vai ter no cheque.

modelo ruiva com vestido de renda branco seria segurando grade de ferro enferrujado vermelho

Um empreendedor unicórnio

Em uma outra palestra conversamos com o outro lado da moeda. Um empreendedor unicórnio. Unicórnio é aquele que teve uma empresa no valor de 1 bilhão de dólares. Ele é uma espécie de pop star inspiração para milhões de pessoas.

Rapaz novo, muito simples, com camisa de malha de 20 reais e tênis velho. A roupa que ele usava era inversamente proporcional ao tamanho da conta bancária dele.

Esse esquema de roupa básica é a imagem perfeita da nova geração que ficou milionária muito rápido através de uma tecnologia de ponta.

Nessa palestra nós do Combustível Sem Imposto estávamos lá para ver ao vivo o que uma pessoa dessa magnitude pensava sobre o Brasil e eventualmente sobre o nosso projeto.

Fizemos uma pergunta a ele: "O que o governo atrapalhou no desenvolvimento do seu negócio?"

A resposta em linhas gerais foi dessa maneira : "Se não houvessem tantas obrigações trabalhistas poderíamos ter contratado mais gente. Além disso uma vez houve uma lei que dizia que nós eramos obrigados a tirar nota fiscal em cada município que operávamos, mas, fomos ao governo e resolvemos isso."

No que perguntamos: "E o imposto que você pagava?"

A resposta foi assim: "Nunca ligamos para isso. Eu tinha milhões de dólares para queimar e meu objetivo era fazer a empresa crescer rápido. Então para nós o imposto nunca fez diferença."

Mais para a frente na palestra houve um ponto em que estava se falando sobre a dificuldade de crédito no Brasil.

Nesse momento fizemos uma intervenção, sobre o fato de o governo pegar a maior parte do crédito no Brasil para financiar a máquina estatal, o que faz com que os juros subam para as pessoas e empresas.

Um rapaz achou muito engraçado nossa irritação com o governo e disse rindo em tom de piada: "Mas você está chateado mesmo com o governo eihn?!"

E a reação da platéia foi que todos acharam isso super engraçado e riram ao mesmo tempo. Ninguém liga para as consequências do governo estar se fazendo dívidas em nosso nome diariamente.

E na sequência o próprio palestrante/empreendedor fez a intervenção dele, visivelmente aborrecido com nossa crítica ao governo:

"Se você acha que tem algo errado com o governo você vai lá e resolve."

Vamos traduzir o que ele quis dizer: Eu não acho que tenha nada de errado com o governo e quando eu achei que tinha fui lá e resolvi. Se você acha que tem algo de errado vá lá e resolva.

Para esse cidadão, fundador de uma empresa bilionária, esta tudo certo no governo e a nossa miséria, nossa violência, nosso analfabetismo e nossa falta de perspectiva de futuro devem ser coisas karmicas que não competem a ele, com seus milhões, participar da melhoria desse quadro.

modelo ruiva de calça de malha preta e top preto e tenis branco deitada sobre escada de pedra com mão na cabeça segurando placa branca do combustivel sem imposto pelo povo contra o governo
Ensaio fotografico no Parque Lage com Yanca Ferreira para o Combustível Sem Imposto

A caridade como marketing

Uma outra experiência deveras pedagógica foi a nossa reunião com um grande escritório de direito de São Paulo, mas, grande mesmo.

Uma organização e luxo que nunca vimos em nenhuma multinacional que já havíamos visitado antes. A coisa é tão séria que até para uma simples reunião com um dos advogados do escritório é preciso agendar com um mês de antecedência.

Na sala de recepção o visitante pode ter acesso a livros bastante grossos, com uma qualidade incrível, sobre os projetos de caridade do referido escritório. Ao examinar os livros pensamos: "Isso custou muito caro para ser feito."

Eram vários projetos muito bem descritos e ilustrados com fotos de pessoas pobres que foram ajudados pela filantropia dos tais advogados.

Havia até a foto de umas três advogadas bem jovens e bonitas, diplomadas na elite do direito paulista, que trabalhavam em tempo integral nos projetos filantrópicos da empresa.

Ao ver isso nós pensamos: "Se esse pessoal é tão preocupado assim com o povo eles vão abraçar a causa do CSI de imediato uma vez que a nossa vitória vai ser um projeto social 1 milhão de vezes maior do que tudo o que eles já fizeram em décadas de existência."

Novamente tivemos aquela liçãozinha básica de expectativa vs realidade.

A expectativa era essa acima a realidade foi resumidamente isso: "Não queremos saber desse projeto, ele não nos interessa e não vamos indicar para ninguém."

É claro que não foi falado com essas palavras, mas, o sentido foi esse e assim foi feito. Desde que saímos nunca mais recebemos nenhum contato.

Basicamente o que a dura realidade nos mostrou é que a maior parte desse trabalho de caridade é principalmente um projeto de marketing muito bem elaborado com algum fundo verdadeiro de ajudar o próximo se é que existe esse fundo verdadeiro.

Na hora de se comprometer com uma causa real eles foram taxativos em não fazer nada.

Um adendo importante: A pessoa que mais se interessou pelo nosso projeto nesse escritório foi a recepcionista que ficava lá fora na portaria.

Ao ouvir que nós éramos do Movimento Combustível Sem Imposto ela disse: "Combustível Sem Imposto? Isso é importante! Eu quero!"

A recepcionista tinha mais visão do que os advogados do topo da cadeia alimentar.

Ensaio fotografico no Parque Lage com Yanca Ferreira para o Combustível Sem Imposto
modelo ruiva de top e calça preta com cordão branco na frente segurando placa pelo fim da estabilidade do funcionalismo público no parque laje

O dono do posto de combustível

Uma das nossas imaginações é que donos de postos de combustível teriam interesse nesse projeto visto que afeta a eles diretamente.

Nas nossas andanças pelos postos nós deixamos muito material com diversos gerentes. Todos nos prometeram repassar aos donos. Nunca tivemos retorno de ninguém.

Em uma grande rede chegamos a conversar com a secretária dos donos que foi extremamente ríspida conosco e deixou a entender que: F**** o imposto no combustível. Isso não é problema nosso.

Uma única vez conversamos diretamente com o dono do posto. Ele contou tanta derrota, tanto processo judicial, tantos problemas que nossa equipe ficou estática ao ouvir tudo aquilo.

Basicamente ele era dono de oito postos e hoje tem apenas um. E pelo que entendemos tem apenas um porque não consegue vender a um preço razoável. E olha que o posto dele fica na Av. das Américas. Ponto nobre da Barra da Tijuca.

Depois de ouvir tudo isso imaginamos: "Esse cara vai fazer alguma coisa."

Até porque o encarregado dele ficou muito feliz com o nosso projeto. Ele deixou a entender que finalmente eles estavam vendo uma luz no fim do túnel.

Esse dono de posto, passado um tempo, sumiu e nem responde mais as nossas mensagens. Também não mandamos mais. Como dizia o vovô: Não se malha em ferro frio.

Ensaio fotografico no Parque Lage com Yanca Ferreira para o Combustível Sem Imposto
modelo ruiva em frente ao muro de pedra segurando placa para fechar a anp com vestido de renda branco

O dono da transportadora

Em outra ocasião conversamos com o dono de uma transportadora. Esse era a vítima direta dos impostos nos combustíveis.

Ele contou suas dificuldades e concordou que o fim dos impostos nos combustíveis geraria riqueza, empregos, etc.

Na hora de ser convidado a tomar alguma atitude junto ao movimento a reposta dele foi: "Vocês devem procurar fulano e beltrano."

Claramente tirou o corpo fora de fazer qualquer coisa para melhorar a vida dele mesmo. A frase era para nós fazermos e não ele. Ele prefere continuar chorando sentado no prego do que ter o trabalho de levantar. Essa foi uma experiência bastante bizarra.

Nós sempre imaginamos que o brasileiro é acomodado, mas, quando você enxerga ao vivo o nível de inércia de alguém que está sendo arrasado pelo governo, e mesmo assim não quer mover uma palha, você acaba se surpreendendo.

O diretor do sindicato dos taxis

Uma outra figura crucial que encontramos nas nossas atividades de rua foi o diretor de um sindicato de taxistas do Rio de Janeiro.

Para resumir a história... Esse camarada nem reunião quis marcar conosco para vermos como o sindicato poderia colaborar nessa luta que é para eles mesmos.

Mandamos mensagens convidando, mas, ele se finge de morto.

O sindicato dos varejistas

Para fechar um caso muito emblemático: o sindicato dos varejistas.

E esse é um sindicato que, teoricamente, deveria lutar por menos impostos.

Esse sindicato fez uma matéria sobre nós, o que foi muito legal, e depois mais nada. Apesar do nosso esforço de tentar marcar uma reunião com a diretoria para avançarmos nesse ponto em comum, a coisa toda ficou por isso mesmo. Eles dizem que para marcar precisa mandar e-mail e e-mail eles não respondem.

Ensaio fotografico no Parque Lage com Yanca Ferreira para o Combustível Sem Imposto
modelo ruiva de vestido de renda branca apoiada no tronco de madeira da oca do parque laje com o fundo escuro aparencia séria e cabelo longo

Resumindo: a esquerda tem razão sobre a nossa elite - ela é inútil.

Depois de tudo o que experimentamos a conclusão é que a esquerda está certa sobre a nossa elite: ela é imprestável e não pensa no povo.

Pensa no povo apenas quando algum projeto do governo, que eventual e teoricamente é direcionado aos pobres, vai lhe beneficiar. Como o dono da construtora do Minha Casa Minha Vida que é a favor de distribuir casa aos pobres uma vez que ele constrói a casa.

Nós não chegamos ao nível de pobreza que chegamos por acaso. Chegamos porque ninguém aqui no Brasil liga de verdade para o povo. Ninguém quer lutar, como nós lutamos, para o dinheiro do trabalhador ficar na mão do trabalhador.

Ninguém liga que mesmo o maior indigente do Brasil vive seis meses por ano para pagar imposto sobre o que ele consome.

Ninguém liga que aquele operário humilde que abriu uma empresa e contratou dois colegas agora está sujeito a sanha destrutiva da justiça do trabalho.

A pobreza no Brasil é algo até desejável as elites, pois, propicia uma fonte sem fim de justificativa para o marketing da caridade. Serve como conforto moral para essas pessoas acreditar que suas ações paliativas fazem deles boas almas que merecem ir para o céu.

Nós do Combustível Sem Imposto vamos mudar isso. Se você não se enquadra na categoria de elite inútil veja nesse texto como você pode fazer para mudar o Brasil de forma verdadeira.

10 comments on “Como descobrimos que a esquerda está certa sobre as elites brasileiras”

  1. Descobri isso na minha trajetória de vida. Não há solução coletiva! Com boas intenções o máximo que se consegue é o "estouro da boiada" e aí salve-se quem puder.no particular dos combustíveis, não creio que seja essencial, no Brasil como é no exterior,então discordo da proposta. Ah...comecei aos 16 anos agora tenho 60.

  2. Como o Brasil é um país que arrecada imposto até quando alguém vai ao banheiro, até quando alguém defeca, até quando alguém respira, acho que o pobre vai continuar pobre e rico não tem nada mesmo que ver com isso, infelizmente tenho que admitir que o egoísmo e não deixa os ricos enxergarem os seres que não se prestam aos seus interesses... Quanto aos políticos, aceitar o eleitor na época das eleições, não significa enxergar o póbre e nem querer lutar pelo combate a pobreza, longe deles isso. Se acabar com a pobreza, quem vai votar nos Candiota a cargos policos?

  3. Admito que gostei muito do trabalho de investigação sobre o assunto e a forma abordada sobre a realidade apresentada. A única coisa que achei desnecessária à matéria como instrumento de alerta, foram as fotos da mulher, que pra mim agradaram muito, de uma beleza espetacular, mas não acho que deveriam participar desse trabalho de cunho pesado e informativo.Elas deixam um ar um pouco blasé dependendo de quem o lê.

  4. Boa noite,
    Não adianta esperar nada da elite do atraso escravocrata. Somos um país extremamente desigual explorada por ricos caracterizados pela falta de visão a longo prazo e predatória. Uma visão colonizada e ausente de traços de projetos de nacionalismo. Caberia mobilizar os pobres, classes médias e setores preocupados em um projeto nacional.

  5. Como qualquer ONG vcs existem por algum motivo que não foi o apresentado pela proposta, que por sinal seria muito bonita se não fosse PARADOXAL. Perdi meu tempo lendo esse textão para entender que vcs estão atrás de financiamento para algo que não precisa ser financiado, com um propósito que chama tanta atenção quanto as fotos das garotas, mas que não passa de chamarisco para ganhar audiência, cliques, dinheiro…Nessa ansia por dinheiro só espero que vcs nao lavem de ninguém…

    1. Agradecemos muito pelo comentário. Vamos responder com transparência como fazemos sempre.

      Como qualquer ONG vcs existem por algum motivo que não foi o apresentado pela proposta <<====== Esse algum motivo seria melhorarmos muito de vida? Mas isso está apresentado na proposta. que por sinal seria muito bonita se não fosse PARADOXAL <<============ Qual o paradoxo em querer pagar menos impostos e melhorar de vida? que vcs estão atrás de financiamento para algo que não precisa ser financiado <<<============== Todos estão atrás de financiamento. Você inclusive. Você conhece alguém que vive sem financiamento? Nós nunca vimos ninguém. mas que não passa de chamarisco para ganhar audiência, cliques, dinheiro… <<================ E também para cumprir o objetivo de acabar com os impostos nos combustíveis. Hoje se você tivesse um chamarisco muito bom para ganhar audiência, cliques, dinheiro você seria milionário. Você acabou de definir como funciona um veículo de mídia.

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