Brasil 2012 o ano da loucura total

O ano era 2012 e o país iria ser sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas.Três anos antes o […]
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13 de agosto de 2019

O ano era 2012 e o país iria ser sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas.Três anos antes o país tinha sido capa da revista THE ECONOMIST com o Cristo foguetando aos céus.

O Brasil era a bola da vez e nada, absolutamente nada, podia dar errado.

O antigo presidente havia chegado a 87% de aprovação e feito a sucessora com o pé nas costas.

As matérias das revistas tinham títulos como: Nunca fomos tão felizes e a ascensão da Classe C.

Além das matérias acimas os jornais de domingo eram enormes e carregados de anúncios de carros e apartamentos sendo lançados. Em cada esquina havia uma obra e era só lançar o empreendimento que em 1 semana no máximo ele estaria todo vendido na planta.

Uma arquiteta nesse ano nos confessou que nem estagiário de arquitetura ela conseguia contratar, pois, estavam todos empregados.

Se formar em engenharia em uma federal era garantia de salário de 5 mil reais para começar.Era o ápice da geração Y e ela tinha sede de crescimento. Essa geração era impaciente e pensava que plano de carreira era coisa dos avós de antigamente. Eles não! Eles iriam direto e reto ao topo.

E as empresas incentivavam isso. Todo dia havam novos anuncios de vagas nas paredes das faculdades. Cada um mais tentador que o outro. Era difícil focar.

O petróleo era a coqueluche. Do dia para a noite todo mundo no país era ou queria ser petroleiro. Lançaram cursos de todos os tipos para o setor de óleo e gas. As feiras do ramo era deslumbrantes. Uma pujança incrível. Todos se deslumbravam com tanto dinheiro.

As grandes construtoras nadavam de braçada. Eram contratos faraônicos atrás de contratos faraônicos. Quem não estava metido em algum frenesi desse era mané e se sentia um excluído. Todos tinham que participar de algo bem grande.

Empregada doméstica virou raridade. Era o equivalente a uns 250 reais, em dias de hoje, para uma diária mal feita.

Em uma rede de supermercados na Av Brasil havia um letreiro gigante com uns 20 metros de comprimento que estava escrito: Venha trabalhar conosco.

Em todas as biroscas haviam uma placa escrito: Estamos Contratando.

Qualquer um que chegasse em uma obra, mesmo sem saber nada de nada, já receberia na hora uma vaga de 2 mil reais só para ser treinado.

Começaram a faltar porteiros, pois, a construção civil passou a roubar todos.

modelo ruiva e morena no fundo branco de casaco branco e maior preto e casaco jeans
@gabioll e @yancaferreira : Modelos CSI
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Na maior incorporadora da época havia engenheiro que só começava a trabalhar as 10hs. Eles sabiam que a empresa estava na mão deles, por falta de pessoal, e deitavam os cabelos.

Um taxista na época foi extremamente grosseiro conosco e disse: "Eu não preciso disso. Ganho 9 mil limpo por mês."

Era difícil manter um funcionário por mais que seis meses. Todo mundo só queria esquentar a carteira para receber um aumento de salário ao pular de emprego.

Uma menina disse: De namorado eu não troco, mas, emprego tem muito.

Contratar alguém de TI era quase impossível a não ser que você tivesse uma montanha de dinheiro. Um candidato ao ouvir nossa proposta falou assim: "Manda por e-mail."

A violência havia desabado. As companhias de seguro começaram a dar desconto nas apólices pela queda do roubo de automóveis.

O preço dos imóveis perdeu qualquer noção de realidade. Com 1 milhão não se comprava quase nada na zona sul do Rio de Janeiro. Corretor de imóvel tirava onda nessa época.

Não havia uma loja vazia em shopping ou em ponto nobre da cidade. Era só dizer para alguém que ia esvaziar o ponto que já pintava alguém para oferecer luvas para ficar com o seu espaço.

No maior shopping do Rio de Janeiro as luvas eram na casa de 500mil reais e mesmo assim era preciso ficar na fila de espera até vagar um espaço.

Vários canteiros estavam espalhados pelo Brasil com obras de mobilidade que seriam inaugurados para a copa, e no caso do Rio, para a olimpíada também.

Fusões e aquisições de empresas eram feitas a preços inimagináveis. Muita gente ficou multimilionária nessa época. Alguns multibilionários, visto que nesse tempo, o sétimo homem mais rico do mundo era brasileiro.

As ruas de todas as cidades eram engarrafadas quase que 24hs por dia. Todos tinham carro e todos tinham carro zero. Bastava chegar em uma concessionária com o nome limpo e você saia dela motorizado. A indústria automobilística estava alucinada com tantas vendas. Praticamente todas as montadoras anunciaram alguma fábrica ou operação aqui. Nem o céu era mais o limite.

Diariamente alguma multinacional anunciava um investimento de no mínimo 500 milhões de dólares no Brasil.

Um camarada foi a uma entrevista de emprego em uma dessas grandes empresas. Ao ser perguntado sobre o salário pretendido ele pensou: "Vou pedir algo bem alto para depois negociar".

Após dizer o valor a resposta veio na hora: "Contratado!

Ficou arrependido! Devia ter pedido mais!

O crescimento tinha pressa e ninguém queria perder preciosos minutos negociando salários. Para que gastar tempo com isso? O senso de finitude do dinheiro tinha acabado.

A ordem geral era meter o pé no acelerador sempre.

Nós não sabíamos na época, mas, nesse ano as sementes da nossa destruição já estavam sendo plantadas.

A ordem geral era meter o pé no acelerador sempre.

Nós não sabíamos na época, mas, nesse ano as sementes da nossa destruição já estavam sendo plantadas.

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